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LUAESCURA E MERCATOR

  Amigos e inimigos envoltos em uma dan?a sem muito sentido; Contratos feitos, ajudas que se d?o, aten??es e intens?es ocultas no véu descido. Vai ser muito estranho quando soubermos quem somos e o que s?o os outros?

  Desde que se encontrara com Arael sua curiosidade for a espica?ada. Na surdina sondara sobre eles, e soube de muita coisa sobre Mercator. Mas, o que mais a tocara for a como éfrera for a morta pelos dem?nios e como Mercator, mesmo sem pedir ou aceitar, for a de certa forma consolado pelos anjos. Era muito curioso o cuidado dos anjos para com aquele dem?nio em particular.

  E agora o via no topo de um monte suave, muito quieto, abandonado numa ilha no meio de um largo rio caudaloso.

  Ele parecia ensimesmado, pensando, como ouvira falar que era o costume dele.

  De longe o examinou, surpresa com o poder que se irradiava dele. Já o seguia à distancia por alguns dias, o que lhe dera oportunidade de ver essa mesma energia flutuar. Em alguns momentos era quase recolhida, e em outros era uma energia nervosa e perigosa, pronta a se liberar e destruir o que quer que estivesse ao lado, ou sobre o qual pusesse sua aten??o.

  Mas, agora, era apenas uma energia recolhida, pensativa.

  Confiante resolveu se aproximar, mas tendo o cuidado de se manter alerta e de n?o se aproximar demais.

  - Sabe, eu a encontrei. Eu me encontrei com éfrera – resolveu usar a voz, n?o querendo arriscar uma rea??o por um toque de mente.

  Assim dito desceu um pouco distante do gigante.

  Ainda n?o sabia por que aquilo lhe interessava, porque aqueles dois chamavam sua aten??o. Só sentia que era uma vertente interessante, uma possibilidade que ainda n?o conseguia definir.

  - éfrera morreu – ouviu do gigante, a voz gurutal e fria como uma lamina, percebendo uma tens?o e uma amea?a velada nela, o que a p?s de sobreaviso. N?o era estranho que n?o fosse uma voz normal, mas que era uma voz estranha e grave que parecia nascer de todos os lugares à sua volta. Seus músculos estavam tensos, preparados para agir a qualquer movimento suspeito do gigante.

  Ent?o, baseado no que ouvira, prestou aten??o nas runas no corpo do gigante, e viu que elas estavam quase imperceptíveis. Relaxou um pouco, mas n?o muito, porque poderia estar sendo enganada.

  - Ela me contou... Quer dizer, Arael me contou. Ela é uma entrante.

  - E por que isso lhe interessa? Por que isso deveria me interessar?

  - N?o sei, Mercator. Mas, gostei dela. Quem diria, uma demiana.... Mas ela é legal...

  - Bom para você, dêmona – falou, a tens?o um pouco mais aumentada. – O que veio procurar? Morte? Honra em batalha?

  - Sabe que n?o sei, dem?nio? Acho que confio em Arael. Se ela lhe tem respeito, o que parece ser mútuo, ent?o você deve ter algum valor...

  LuaEscura sentiu seu sangue gelar ao ver a espada descer sobre si. Num movimento automático escorregou para o lado, seus lados crescendo em farpas que atingiram o dem?nio por toda sua extens?o.

  Mercator apenas girou, a espada rubra cortando as farpas. Ent?o a espada girou para os lados, a lamina passando a centímetros da garganta da juguena.

  LuaEscura saltou para longe, espantada com a velocidade e a frieza com que ele atacava. Mas nem bem tocara no solo Mercator já estava com ela novamente ao alcance. O encontr?o que ele lhe deu a lan?ou para longe, para dentro do rio. E ele a havia tocado, tocando sua essência, sua energia, o que a deixou zonza. A energia terrível dele tocando sua energia a deixara horrorizada.

  Ent?o viu o avan?o terrível dele a partir da margem. Como se hipnotizada viu-o se lan?ar para cima a partir do rio, lan?ando uma nuvem de água em seu encal?o.

  LuaEscura mergulhou mais fundo, vendo o gigante atingir o local onde estivera, a espada espumando nas águas enquanto descia para o fundo.

  Preocupada viu a enorme sombra mergulhar com imensa violência e vir pela água em sua dire??o, irresistível e veloz.

  Stolen story; please report.

  Sem pensar saltou da água e caiu na margem, seu corpo todo arrepiado de energia, se preparando para vender caro a vida.

  Nem bem fixara a vista em um movimento na margem o viu explodir para cima, o rosto duro e impenetrável fixado sobre si, a espada eletrizada tomada de energia, levantada contra o céu. Os olhos dele estavam presos nos seus, enquanto descia com absurda velocidade contra ela.

  Era tudo t?o rápido que ela, por mais que tentasse, n?o conseguia obter qualquer controle, ou uma mínima vantagem que fosse.

  LuaEscura sentiu a espada rasgar seu bra?o esquerdo, fundo e dolorido. Mas n?o se deu tempo para se lamentar. Num salto se colocou bem acima na margem, escapando por um triz de um novo ataque, enquanto tentava lhe infringir algum dano com suas sombras, que apesar de atingi-lo, pareciam apenas aumentar sua determina??o em destruí-la.

  O golpe a atingiu com tal poder que lhe sobrou apenas rir para aquela cara sombria. Confusa com tamanho poder com dificuldade estendeu sua percep??o, e viu, surpresa, que ele era uma for?a medonha que se irradiava para outras dimens?es, que delas também se fortalecia ainda mais, poder esse que se abrutalhava na terceira. Já ouvira falar dos impartidos, mas, pelo que lembrava, eram somente da luz. Agora via que, se ele n?o fosse um impartido, estava bem próximo de ser um.

  Ela estava imobilizada sob o pé do gigante, que lentamente guardava a espada. Havia uma perigosa frieza em seus modos, e ficou se perguntando se seria torturada por muito tempo antes que ele a deixasse ir, morta que estaria.

  Riu novamente em desafio.

  Mas ent?o ele parou, ainda a mantendo imobilizada. Ele ficou em silêncio, os olhos voltados para a floresta na margem do rio.

  Com dificuldade LuaEscura conseguiu virar o rosto, e apenas pode ver com esfor?o uma luz suave vir pelos troncos das árvores. Era como uma can??o gentil, um sussurro tranquilo que se aproximava em paz.

  Ent?o ela apareceu.

  Devagar ela foi se adiantando, até se postar um pouco distante na mesma margem. Ela apenas ficou parada ali, os olhos sossegados presos nos dois.

  - Eu também achei essa dêmona muito legal. Você n?o acha, Mercator? – perguntou se adiantando majestosamente, parando a alguns metros dos dois.

  LuaEscura voltou os olhos para o dem?nio, que agora a observava, como se estivesse saindo de um sonho.

  Ent?o LuaEscura sentiu a for?a com que era pressionada contra a terra se ir. Com a respira??o um pouco difícil seguiu o dem?nio se afastar um pouco para dentro do rio, mantendo as duas sob aten??o.

  Arael se aproximou da juguena e lhe estendeu as m?os.

  LuaEscura, tomada de dor aceitou a ajuda e se ergueu. Sorriu para a demiana. Ent?o se virou para o dem?nio que permanecia em silêncio dentro do rio, bem próximo à margem.

  > Essa é LuaEscura, Mercator, e eu a chamo de amiga.

  - Sua amiga... – falou o dem?nio, a voz distante e dura, porém, agora n?o t?o dura e cruel quanto antes.

  - Sim, Mercator... Ela n?o lhe quer mal...

  - Como pode alguém desejar mal ao mal? – cismou ele, os olhos vagando pelo rio. – O que sou nesse rio que sou? O que sou, Arael?

  LuaEscura sentiu um nó na garganta ao ouvir a voz do dem?nio. Agora conseguia entender que havia ali, naquele terrível dem?nio, muito mais do que algum dia poderia sonhar em ver. Havia uma esperan?a, um enorme desejo de ter esperan?a.

  Enormemente tocada, impensadamente se despoderou de vez e se aproximou do gigante, parando a poucos metros dele. Ali estava uma dor que viu ser tal como a sua, desde que dera com Uivo e Allenda.

  Ent?o resolveu que seu medo e seu ódio n?o tinham motivo para estar ali, naquele momento, em seu cora??o.

  - O que você quiser, Mercator. Eu tinha a mesma dor, e vi um dahrar e uma flor-do-mato, e neles vi esperan?a. Você, gigante, é o que decide ser, a cada decis?o que toma.

  Arael suspirou aliviada quando o gigante recuou um passo a mais para trás, mais para dentro do rio, como se quisesse manter uma distancia protetora para a juguena. E ficou ainda mais aliviada quando as runas se suavizaram e a energia dura em torno do dem?nio se dissipou como uma neblina tocada pelo sol suave.

  - Por que a vida se preocupa tanto comigo? – suspirou para as duas. – Eu apenas sinto que deveria ser destruído...

  LuaEscura observou Ariel de soslaio, e viu o intenso carinho em seus olhos molhados, de onde uma grossa lágrima escorria.

  - N?o existe nada contrário ao amor, Mercator. Mas o ser pode ser enganado em pensar que ele está apartado dele quando sente medo, quando sente... saudades. Saudades, Mercator... – sussurrou Arael, se colocando ao lado da juguena.

  - Saudades, saudades... – sussurrou o dem?nio se elevando, mantendo os olhos nas duas. – Essa, sim, é uma palavra de poder... – falou em despedida, se perdendo acima, além da curva do rio.

  - Você n?o acha que se arriscou demais, juguena? – Arael sorriu enquanto secava a lágrima, vendo o dem?nio se perder rio acima.

  - Sim, foi muita burrice. Acho que fiquei confiante demais. Ele é muito perigoso... – falou se virando para a demiana.

  - E quem s?o esses de que falou? Um dahrar e uma flor-do-mato? – perguntou interessada. – Eles devem ser muito poderosos juntos, para atingir assim uma juguena.

  - Eles s?o diferentes, Arael. Ele é um dem?nio, que n?o quer ser dem?nio, e ela é uma flor-do-mato de muito poder, ainda mais quando ele está próximo. Você vai gostar deles quando os conhecer.

  - E onde eles est?o, agora?

  - Ela faz parte de uma comitiva de guerra que está se encaminhando contra os dem?nios que descem as montanhas. Já ele, eu n?o sei ao certo.

  - Um dem?nio que n?o quer ser dem?nio?

  — Isso! Ele teme deixar surgir o dem?nio e arriscar a vida dos amigos da comitiva, mas principalmente a vida dela. Da última vez que o vi ele estava rondando a comitiva, afastando qualquer mal que pudesse pensar em ir contra eles.

  - Ora, que incrível, uma comitiva de guerra. é um protetor dem?nio da comitiva de guerra. Uauuuu. Isso deve ser bem interessante.

  - Gostaria de conhecê-los?

  - Claro que sim, LuaEscura. Mas, me esclare?a antes: eles te aceitaram?

  - Ainda n?o totalmente, mas isso n?o tem importancia. Eu os aceitei – riu, conferindo seu corpo e vendo que já estava praticamente curado.

  - O que sugere, ent?o?

  - Primeiro, Arael, vamos encontrar Uivo... – falou se elevando, logo sendo seguida pela demiana.

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